"Lake Como, it seems to me, touches on the limit of permissibly
picturesque, but Atitlán is Como with additional embellishments of several
immense volcanoes. It really is too much of a good thing." by Aldous Huxley
Não posso comentar a primeira parte da citação
do famoso escritor britânico, uma vez que nunca estive no lago Como, mas posso
atestar que o lago Atitlán tem uma beleza singular. Não sei se será, como é
apelidado por muitos, o “lago mais bonito do mundo”, mas tem com certeza,
características únicas. Como o facto de estar rodeado por pitorescas vilas
maias, tendo a maioria o nome dos apóstolos bíblicos. Ou os três vulcões que se
espelham imponentemente numa imagem perfeita, formando um contorno
impressionante do lago.
A duas horas de distância da capital, Guatemala
City, o lago oferece dias de lazer tranquilos, banhos de sol, trekking a
vulcões, bem como exploração de uma cultura que, apesar do turismo crescente,
está ainda profundamente enraizada nas coloridas aldeias maias. Foi o local que
escolhi para recuperar do meu primeiro “burnout” em viagem. E o que é isso,
perguntam vocês? Algo que nunca antes tinha sentido a viajar, nem nunca pensei
sentir, mas afinal ele é real, ele existe. Um “burnout” significa, literalmente,
esgotamento, apesar de eu achar que em português a palavra parece ter uma
conotação bastante mais forte do que em inglês. Viajar por muito tempo, e
principalmente viajar rápido, pode ser extenuante, quer física, quer
psicologicamente. Apesar de descrente que isso me fosse acontecer li sobre o
assunto antes de ir viajar, e ainda bem que o fiz, porque o meu trekking foi o
desencadeador deste “burnout.
Tinha planeado ficar 2 dias no lago, e seguir
rumo às Honduras, onde queria tirar o meu curso de mergulho na paradisíaca ilha
de Utila. Mas o meu cansaço, aliado ao apelo relaxante da paisagem do lago
fizeram-me ficar por uma semana. E talvez tivesse ficado mais, se não fosse
pelos meus pais que me esperavam na Nicarágua.
As vilas maias são inúmeras e cada uma delas
tem características próprias. Eu estive em 4: Panajachel, San Pedro la Laguna,
San Marcos e San Juan la Laguna, que não poderiam ser mais diferentes.
San Juan la Laguna, um povo autêntico
Se ainda se lembram, terminei o trekking em San
Juan, uma vila quase intocada pelo turismo, em que o quotidiano das pessoas
locais é a principal atração. Este pequeno “pueblito” aloja indígenas
particularmente aderentes às crenças e tradições dos seus antepassados, daí que
a agricultura e as cooperativas de tecelagem sejam as principais fontes de
rendimento da população. É ainda a vila menos visitada do lago, provavelmente
também a mais pobre, e onde encontramos um retrato fiável da Guatemala.
Guardo San Pedro carinhosamente no meu coração.
Foi aqui que me alojei durante uma semana e foi esta a vila que mais explorei.
San Pedro é vibrante, cheio de vida, numa mistura harmoniosa de jovens
estrangeiros e pessoas locais que co-habitam pacificamente e me fascinaram.
Uma parte da aldeia é turística, com vários hostels, alguns restaurantes, cafés e um ou dois bares, agências de turismo e escolas de espanhol, uma vez que, depois de Antígua este é o local preferido pelos estrangeiros para aprender a língua. Mas, percorremos algumas ruas estreitas e estamos no meio de mercados de frutas e legumes, de bancas de comidas, entre senhoras que vendem tamales envoltos em folha de bananeira e um pão de banana divinal em grandes cestas de verga.
Uma parte da aldeia é turística, com vários hostels, alguns restaurantes, cafés e um ou dois bares, agências de turismo e escolas de espanhol, uma vez que, depois de Antígua este é o local preferido pelos estrangeiros para aprender a língua. Mas, percorremos algumas ruas estreitas e estamos no meio de mercados de frutas e legumes, de bancas de comidas, entre senhoras que vendem tamales envoltos em folha de bananeira e um pão de banana divinal em grandes cestas de verga.
Entalada entre a vila de San Juan e o Vulcão
San Pedro, a aldeia tem vistas maravilhosas sobre o lago e a montanha. Tem um
porto pitoresco com restaurantes a cair sobre o lago, e habitantes sorridentes.
A maior parte do turismo no lago Atitlán foca-se
em Panajachel, sendo San Pedro famoso por atrair turismo mais jovem, principalmente
de mochila às costas, conferindo-lhe um ambiente mais relaxado e animado.
Há divertimento noturno, havendo diariamente pelo menos um bar aberto onde se encontram praticamente todos os viajantes e durante o dia a aldeia serve como base para explorar as vilas vizinhas. De barco, de tuk tuk, a cavalo ou a pé, apesar desta última não ser muito aconselhada devido à falta de segurança, é possível visitar as imediações. Recomendo o passeio a cavalo até ao sopé do vulcão San Pedro que é extremamente bonito e barato também (cerca de 2,5€ por hora).
Há divertimento noturno, havendo diariamente pelo menos um bar aberto onde se encontram praticamente todos os viajantes e durante o dia a aldeia serve como base para explorar as vilas vizinhas. De barco, de tuk tuk, a cavalo ou a pé, apesar desta última não ser muito aconselhada devido à falta de segurança, é possível visitar as imediações. Recomendo o passeio a cavalo até ao sopé do vulcão San Pedro que é extremamente bonito e barato também (cerca de 2,5€ por hora).
A comida é a melhor que provei no país, se
considerarmos o fator qualidade-preço. Há a comida típica que encontramos nos
vendedores ambulantes e comida internacional de excelente qualidade em vários
restaurantes. Esperem pagar entre 2 a 5€ por refeição e comer divinalmente.
Existem diversas opções de alojamento, e ouvi
opiniões muito favoráveis de vários locais. Aconselho vivamente o hostel Zoola,
é um dos melhores hostel onde já fiquei. O dono é israelita, pouco mais velho
do que eu, com uma história de sucesso, de quem pouco tinha e neste momento é
dono de dois fantásticos hostels na Guatemala, com projetos para abrir um novo
em Amesterdão. A comida é fabulosa, criada pelo Zoola e típica de Israel e
servida em mesas baixas, onde comemos sentados em almofadas coloridas ou
deitados. Experimentem o “israeli combo”, uma combinação de pratos típicos, e o
“hello to the queen”, uma sobremesa perfeita de banana e chocolate. Tem um bar
que dá diversas festas por mês e concertos ao vivo e uma piscina com vista
perfeita do lago.
Neste local aconteceu-me algo caricato. O Zoola queria
algumas fotos do hostel para publicidade e perguntou-me se poderia fazê-las.
Uma vez que a Maria é fotógrafa e eu já trabalhei como manequim, aceitamos a
proposta. Em troca tivemos um desconto de 50% no alojamento e refeições
gratuitas durante a nossa semana de estadia, o que nos deixou no paraíso, pois
o restaurante do hostel era, na minha opinião, o melhor de San Pedro.
Panajachel, compras e souvenirs
É a maior vila do lago, com melhores
infraestruturas turísticas, mas também, na minha opinião, demasiado alterada por
este. Aconselho uma visita de meio dia para percorrer a enorme feira de
artesanato, couros e roupas. É o local ideal para fazer compras e levar
lembranças do lago. A maior parte da feira é só isso mesmo, uma feira, mas
escondidas entre as tendas existem algumas lojas com coisas fantásticas, como
uma loja de couros que entrei, a Puro Utz
Pin Pin, cheia de carteiras e sapatos lindos e originais e de onde a Maria
teve de me arrastar, porque estava muito além das minhas possibilidades
financeiras.
San Marcos, ioga e meditação
À medida que nos aproximamos de barco de San
Marcos, começamos a ser invadidos por um sentimento de plenitude. Talvez isso
se deva à energia positiva do local, que parece ser a principal atração de San
Marcos. As casinhas originais construídas em estacas dentro da água embelezam a
pequena vila e ao chegar ao porto deparamo-nos logo com hippies de cabelos
compridos e calças largas à espera do próximo barco. A aldeia mais zen do lago
oferece diversos refúgios para meditar e aulas de ioga, embrenhados na
vegetação, e um parque natural onde se pode nadar no lago e fazer caminhadas na
natureza.
Dicas:
-Alojamento:
Hostel Zoola - quarto duplo por cerca de 10€(100Q); dormitório 4€(40Q)
-Restaurantes:
The Clover, El Colibri
-Transporte:
o barco de San Pedro para Panajachel custa cerca de 2€(20Q) ida e para San
Marcos cerca de 1€(10Q)
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