A próxima viagem já tem data e local marcado. É de curta duração, mas agora e até Dezembro, infelizmente, não há longas viagens...
As opções eram várias, mas o orçamento e o tempo limitados. Em seguida vem a decisão do tipo de viagem que se pretende: se é praia, ou montanha, ou natureza, ou cidade ou algum outro tema específico. Eu gosto de todos e não torço o nariz a nenhum. Quando a viagem tem duração razoável gosto de misturar um pouco de cada. Desta vez praia e descanso foram os eleitos, cultura está sempre implícito. Depois de muitas pesquisas, conversas e afins, eu e o Tiago, meu companheiro de viagens e sonhos, namorado e amigo, optamos pela Grécia, este país do sul da Europa que me desperta tanta curiosidade. Foi uma escolha muito difícil porque se uma parte de mim queria visitar as maravilhas do mundo antigo no continente ou as ilhas verdes paradisíacas que serviram de cenário ao filme "Mamma mia!" outra parte queria saber o que move massas humanas ao arquipélago das Cíclades.
Com algum receio (tenho sempre medo de lugares demasiado turísticos) decidimo-nos por alguns clichés e os 10 dias disponíveis que temos vamos utilizá-los da seguinte forma: 2 noites em Mykonos, 3 em Naxos e 2 em Santorini e uma rápida visita à capital Atenas (2 noites)! Vamos ter um cheirinho da história do mar Egeu em Naxos, assistir aos lendários pôr do sol em Santorini, dançar nas famosas festas de Mykonos e sentir o peso de uma civilização milenar em Atenas.
Se estes forem destinos que estão na vossa lista, sigam-nos aqui onde vamos deixar dicas dos lugares onde vamos passando.
Já foram? Aceitamos sugestões!
segunda-feira, 12 de maio de 2014
terça-feira, 29 de abril de 2014
Viajar entre Lisboa e Porto….por 9,90€!
Apetece-lhe tirar um fim de semana há já algum tempo, mas a pressão
da crise e das contas para pagar ao fim do mês dizem-lhe que não é de bom senso
pegar no carro e fazer a viagem. Só em portagens gastaria uma fortuna!
No mês de Maio, não tem que ser assim. A ryanair continua
com promoções fantásticas entre Lisboa e Porto (9,90€ por trajeto) e cobre
praticamente todo o mês (sim, incluindo sexta e segunda). A única desvantagem é
que não voa aos sábados ou domingos, por isso, em vez de um fim de semana tire
umas mini férias. Verá que Lisboa e Porto valerão os dias que irá tirar.
Os prémios internacionais e nomeações de agências de
viagens, têm colocado estas duas cidades na rota do turismo mundial. Se
passearem nas ruas de Lisboa e do Porto verão que estão inundadas de turistas. E
não são só Espanhóis e Alemães. Um pouco por todo o mundo o apelo por praias de
sonho, gentes calorosas, uma cultura milenar e gastronomia digna de deuses tem atraído
cada vez mais curiosos. E as cidades têm sabido responder a esta afluência.
Cada vez mais encontra espaços inovadores, de elevada qualidade, quer para
comer ou para dormir e muitos ainda a preços low cost, característica que atrai
tantos estrangeiros. Bons exemplos disso são o “boom” que se observou na baixa
do Porto ou a reabilitação de lugares como o Terreiro do Paço em Lisboa. E cada
vez mais têm o olhar voltado para o turismo, com espetáculos e eventos
culturais a espreitar a cada esquina.
O famoso slogan “Viaje para fora, cá dentro”, aplica-se aqui
na perfeição. É uma lufada de ar fresco para nós, que precisamos das férias tão
merecidas e para a economia do país que ainda precisa mais do que nós!
domingo, 27 de abril de 2014
San Juan del Sur, uma vila surfista na Nicarágua
O sol já ameaçava dar lugar à lua quando cheguei a San Juan del Sur. Tinha saído do lago atitlan há exatamente 36 h. Atravessei as montanhas da Guatemala, jantei na a fronteira em El Salvador e esperei 5h na das Honduras. Não pensem que foi uma viagem monótona. Foi uma aventura com mais adrenalina do que o trekking que tinha feito uma semana antes. Quis viajar em chicken bus porque as alternativas, todas de luxo, obrigavam-me a pernoitar em San Salvador ou em San Pedro del Sur, duas cidades com taxas tão elevadas de homicídios que me deram vontade de fugir para bem longe! Percorri quase toda a Nicarágua para finalmente chegar a esta antiga aldeia de pescadores na costa sul do pacífico.
Quando saí do lago Atitlan não imaginava o que me esperava nesse dia. Numa luta contra o tempo em que pus o condutor de uma mini van a fazer manobras que levariam, sem dúvida, à proibição definitiva de conduzir, consegui finalmente chegar à estação de chicken bus da capital. Conhecem aqueles cartoons de autocarros amarelos que ficam com o dobro da altura devido à pilha de malas que carregam na parte superior? Esse era o meu, mas não levava só malas. Frigoríficos, móveis, cestas de legumes e cadeiras de cabeleireiro, eram só alguns dos objetos impensáveis que atravessaram fronteiras connosco. Quando entrei no autocarro, outro choque! Já estava preparada para os bancos escolares desconfortáveis sem local para colocar as pernas ou a cabeça. Não estava era à espera que estivesse apinhado de pessoas e coisas, com sacos plásticos de comida pendurados sobre as nossas cabeças. Agora imaginem que chegam ao único lugar vago e quem lá vai sentado é uma Nicaraguense da minha idade, tagarela, com um huski bebé no colo que levava para os dois filhos. O huski da minha amiga não era o único que viajava connosco, havia pelo menos mais dois amiguinhos de quatro patas e a julgar pelos sons estranhos que não percebi de onde saíam haveria também galinhas!
Eu e quatro argentinos éramos os únicos turistas. No entanto, terra de gentes calorosas, os locais acolheram-me imediatamente como se fosse um deles! Revoltaram-se sempre que alguém tentou ganhar mais um pouco pelo fato de ser nitidamente turista, ajudaram-me a conseguir bons negócios no câmbio de moeda e aconselharam-me as melhores comidas. Em 36 horas fiz vários amigos, contrabandeei o huski pela fronteira da Nicarágua, escondida dos guardas por um hondurenho, fui a uma casa de banho com dois porcos enormes a olhar para mim e mudei 5 vezes de autocarro. O balanço da viagem? Muito cansativa, mas muito gratificante pelo fato poder ver em primeira mão uma realidade tão diferente da nossa.
Paraíso de surfistas, San Juan, transformou-se gradualmente de vila piscatória num ponto de paragem obrigatório para backpakers que viajam para Nicarágua. Já há umas centenas de anos que os habitantes locais estão habituados à presença de europeus e americanos. O pequeno Porto foi construído pelos colonizadores espanhóis para proteger os seus navios mercantes e mais tarde foi usado pelos americanos, que transportavam pedras preciosas e tripulantes de Nova Iorque para São Francisco. A vila é pitoresca e ainda não está descaracterizada pelo turismo, principalmente porque a Nicarágua foi palco de uma guerra guerra civil sangrenta e sofreu com uma grande instabilidade política e económica até há bem pouco tempo.
A costa do pacífico é possuidora de quilómetros incontáveis de extensos areais. O mar agitado, muito diferente da costa caribenha, é ideal para os amantes do surf. Só não tem mais adeptos porque a vizinha Costa Rica rouba-lhe todas as atenções. Contudo, quem vai a San Juan, velhos ou novos experimentam o desporto. Existem inúmeras escolas, a preços reduzidos que apelam ao instinto aventureiro de cada um. Cansada da minha viagem, com o meu instinto aventureiro no limite optei por visitar as praias mais bonitas e usufruir delas para demorados banho de sol. É possível fazer praia na enorme praia da vila, mas está cheia de barcos ancorados e a beleza das praias selvagens é incomparávelmente maior.
Para chegar às praias temos que comprar bilhete num dos camiões de caixa aberta que fazem o transporte. Agarrem-se bem, o caminho tem buracos enormes, todo em terra batida pelo meio de campos verdes com palmeiras e vacas monstruosas, maiores que os touros que vemos em Montalegre. As praias selvagens são imensas, e nomes como Maderas, Marsella, Majagual e La Flor, esta última ponto de observação de tartarugas valem a pena a visita. Para o país mais pobre da América Central fiquei impressionada com as vivendas de luxo que vi ao longo da costa. Parece-me que a riqueza neste país está muito mal distribuída, se tivermos em conta como vive a maioria da população.
San Juan tem um ambiente muito relaxado, com festas em bares junto à praias, muitas happy hours vantajosas e muitos mesmo muitos surfistas. Vêm um pouco de todo o mundo, mas os australianos estão aqui em força. Se se hospedarem no hostel Casa de Olas, que aconselho vivamente, 99% dos hóspedes partilham da nacionalidade dos donos, a Carla e o Fred, um casal australiano reformado na casa dos 70. O Fred é sensacional, faz-nos sentir como se estivéssemos em casa. Podem-se fazer refeições no hostel, há um prato único por dia, e sentamo-nos todos juntos em volta do bar e à noite vêem-se filmes australianos na grande tela que o Fred coloca junto à piscina. O único inconveniente do hostel, mas também a maior qualidade é que se situa no topo de uma colina, a 3km do centro. A vista é incrível e o pôr do sol memorável, um espetáculo que se pode observar da piscina ou numa das várias cadeiras baloiço. Existe transporte gratuito para o centro de hora a hora.
Dicas:
Onde comer - O Bairro café tem uns hamburgers muito bons e é em frente a este restaurante que é o ponto de encontro de muitos transportes, quer para as praias quer para os hostels no topo da colina. No Simon says smothie bar podem provar smothies excelentes e também serve refeições. Não me recordo do nome do restaurante onde provei comida local, mas lembro-me que era perto do mercado e tinha frango a grelhar na rua. A refeição foi excelente.
P.s. A qualidade das fotos deixa a desejar uma vez que parti a minha máquina fotográfica no lago Atitlan. As poucas que tenho estão aqui e foram tiradas com o meu tablet.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
10 Experiências gastronómicas que não deve perder em Florença
A cozinha italiana é famosa em todo o mundo. É provavelmente a cozinha mais internacional e também a que tem mais adeptos. São poucos os locais que visitei fora de Itália que não tinham pelo menos um restaurante italiano. E muitos até são razoáveis, raramente excelentes. Mas foi neste país que senti verdadeiramente a pureza do azeite, o sabor inigualável de uma mozarela de búfala acabada de fazer, o cheiro de um maravilhoso expresso, dito com aquela musicalidade única da língua italiana ou o toque da pasta fresca na boca, cozida al dente.
Cada região em Itália orgulha-se da sua cozinha, e tem os seus pratos típicos. Florença, a capital da Toscana, não é diferente. É uma região particularmente conhecida pela gastronomia e pelos vinhos, e pela qualidade dos seus produtos. Para mim, é onde se come melhor em todo o país.
No entanto, conheço muita gente que visitou Florença e não poderia ter vindo mais desiludido com a gastronomia. Isto acontece, porque Itália está recheado de turistas incautos que caiem nas armadilhas estrategicamente concebidas nas principais praças ou nos locais mais turísticos das cidades. Uma dica importante é só entrar num restaurante onde a maioria das pessoas que estão sentadas são locais. Porquê? Porque os italianos são provavelmente o povo mais exigente com a comida que já conheci.
Esta é a minha seleção gastronómica que não deve perder quando visitar a cidade:
Bisteca alla Fiorentina
É o prato mais conhecido e, para mim, também o melhor da
região. Imaginem a nossa posta à Mirandesa. É ainda melhor! Consiste num naco
de carne de novilho com osso, geralmente com 1kg ou 1,5kg, grelhada em brasas
de carvão, salpicada com azeite e ervas aromáticas. A carne derrete na boca
como manteiga e é divinalmente acompanhada por batatinhas assadas com alecrim.
Onde comê-la? A Trattoria San Lorenzo e a Osteria Santo Spirito são
restaurantes que a confecionam muito bem.
Focaccia
Uma focaccia é um pão. Mas não é um pão qualquer! Em lugares
como All’Antico Vinaio uma focaccia é uma obra de arte para as papilas
gustativas. O pão de alecrim e azeite vem ainda a fumegar quando é preenchido
por uma série de iguarias que escolhemos na montra. Fatias de rosbife, diversos
tipos de queijos que nunca vi, beringelas e tomates secos conservados em
azeite, molho de trufas, picantes, prosciutto toscano, um tipo de presunto da
região e salames são alguns ingredientes que pode escolher para o recheio do
seu pão. Se estiver confuso e não souber o que escolher peça ao dono para
escolher por si, nunca provei uma má. Este é o melhor local para comer focaccia,
mas geralmente tem filas enormes e poucos lugares para sentar, por isso vá
cedo.
Risotto ai funghi porcini
Sou muito exigente com o risotto. Como tal, raramente o
pedia em Itália. Até ter provado o risotto de cogumelos porcini. Estes
cogumelos são típicos da Toscana, uma iguaria cara até mesmo em Itália, mas com
uma textura macia, suculentos e com um sabor único. Já tinha provado a pizza e
a pasta destes cogumelos, mas o risotto superou as duas primeiras e as minhas
expectativas. Um bom local para prova-lo é a trattoria ZáZá.
Gelato
Mesmo não sendo grande amante de gelados, em Florença,
prove-os. Eu também não era, e durante o meio ano que lá vivi não passava uma
semana sem os comer. Mas não vá a uma gelataria qualquer. As ruas principais
estão cheias de gelatarias com montras convidativas, com montanhas de gelado
ornamentado com fruta fresca que apelam à gula. Não entre! Os gelados não são
nada de especial e chegaram-me a pedir entre 6 a 10€ por um. Os melhores
gelados de Florença encontram-se a duas pontes de distância da famosa Ponte
Vecchio na gelataria Carraia. São fenomenais e um gelado grande com 2 sabores
custa apenas 1,5€. A Via di Neri, a Vivoli e a Santa Trinita são outras
gelatarias que o vão tornar fã dos gelados italianos.
Pizza
Estamos no país das pizzas, seria um sacrilégio não comê-las
aqui! Nápoles detém o meu prémio de melhor pizza de Itália, mas isso não quer
dizer que as pizzas em Florença não sejam melhores do que 99% das que temos em
Portugal. Em qualquer lugar, que não as principais ruas e praças com pizzas
pré-feitas na montra e de massa alta, pode comer uma boa pizza. Locais como San
Lorenzo, Santo Spirito e Santa Croche têm boas trattorias com boas pizzas. Se
quiser provar algumas originais vá ao Gusta Pizza. Já a melhor calzone que
provei foi na Pizzeria Mastrociliegia.
Corneto com nutella
Croissant em Paris, corneto em Itália. Simples, ou com
nutella, acompanhado de cappuccino ou expresso, é o pequeno almoço dos locais.
E não há nada como começar um doce dia assim! Se não é adepto de doces logo de
manhã, prove-os quando for em busca das pastelarias secretas durante a noite. É
um conceito engraçado que existe na cidade. A partir das 3 ou 4h da manhã as
pastelarias começam a cozinhar e as ruas de Florença são inundadas com o cheiro
maravilhoso de croissant a assar. Guie-se pelo cheiro entre as ruas
labirínticas e quando descobrir a porta, peça ao pasteleiro o que tiver acabado
de sair do forno!
Pasta ai frutti di mare
Nem toda a gente tem a mesma paixão que eu por massa e
marisco, por isso este tópico pode ser duvidoso. Experimentei este prato em
dezenas de restaurantes, nas suas mais diversas variações. Com amêijoas, camarões
ou calamares, polvo, lulas ou mexilhões, as mais diversas associações de frutos
do mar são saborosas. Apesar de Florença não se situar à beira mar, o marisco
tem boa qualidade. Tal como a pizza, o primeiro prémio de massa com frutos do mar
vai para Nápoles, o que não significa que não deva prová-la em Florença. Aconselho
a trattoria San Lorenzo, a Pizzeria Mastrociliegia e o Borgo Antico.
Ravioli e tortellini
Estes pequeninos pastéis de massa de farinha e ovo são outra
iguaria a experimentar. Num verdadeiro restaurante italiano esta massa é feita
no dia, assim como todas os outros tipos de massa, e a diferença sente-se logo.
Os recheados com carne ou espinafres e ricotta são os mais típicos e simples.
Os meus preferidos são os tortellini de pera e pecorino que provei na Trattoria
da Guido.
Cappuccino
Talvez o cappuccino não deva estar incluído na minha lista
de degustação. Mas não poderia deixar de sugerir que o prove numa visita a
Florença. É certo que pode prová-lo um pouco por todo o país, mas verá que são
diferentes. Quando comecei a viajar por Itália, não percebia porque é que em
Nápoles ou na Sicília o cappuccino sabia a água choca e mesmo em Milão não era
tão bom como o de Florença. Uma amiga que trabalha em markting de laticíneos explicou-me
que o leite produzido na Toscana tem uma qualidade muito superior ao do resto
do país e só é consumido na região. Daí que a espuma do cappuccino seja tão
macia e cremosa. Experimentem-no no News Café, o garçon faz desenhos originais
com cacau por cima da espuma. No Volume também são excelentes e o espaço é original.
Aperitivo
Os italianos, depois de saírem do trabalho, não gostam de ir
para casa, gostam de aproveitar a vida, comer bem e sair com os amigos. É
frequente ver grupos de pessoas reunidas em vários bares ou restaurantes ao
final da tarde, quer seja dia de semana ou fim de semana. Os aperitivos começam
por volta das 18h e funcionam da seguinte forma: ao comprar uma bebida, temos
um buffet de pratos variados à
descrição. O buffet varia entre
algumas tapas ou refeições completas com sobremesas. O meu aperitivo preferido
é o do Kitsch, tem bons cocktails
e uma grande variedade de pratos. Os preços variam entre
5€ e 10€.
BUON APPETITO!
BUON APPETITO!
domingo, 20 de abril de 2014
Lago Atitlan, um espelho de vulcões
"Lake Como, it seems to me, touches on the limit of permissibly
picturesque, but Atitlán is Como with additional embellishments of several
immense volcanoes. It really is too much of a good thing." by Aldous Huxley
Não posso comentar a primeira parte da citação
do famoso escritor britânico, uma vez que nunca estive no lago Como, mas posso
atestar que o lago Atitlán tem uma beleza singular. Não sei se será, como é
apelidado por muitos, o “lago mais bonito do mundo”, mas tem com certeza,
características únicas. Como o facto de estar rodeado por pitorescas vilas
maias, tendo a maioria o nome dos apóstolos bíblicos. Ou os três vulcões que se
espelham imponentemente numa imagem perfeita, formando um contorno
impressionante do lago.
A duas horas de distância da capital, Guatemala
City, o lago oferece dias de lazer tranquilos, banhos de sol, trekking a
vulcões, bem como exploração de uma cultura que, apesar do turismo crescente,
está ainda profundamente enraizada nas coloridas aldeias maias. Foi o local que
escolhi para recuperar do meu primeiro “burnout” em viagem. E o que é isso,
perguntam vocês? Algo que nunca antes tinha sentido a viajar, nem nunca pensei
sentir, mas afinal ele é real, ele existe. Um “burnout” significa, literalmente,
esgotamento, apesar de eu achar que em português a palavra parece ter uma
conotação bastante mais forte do que em inglês. Viajar por muito tempo, e
principalmente viajar rápido, pode ser extenuante, quer física, quer
psicologicamente. Apesar de descrente que isso me fosse acontecer li sobre o
assunto antes de ir viajar, e ainda bem que o fiz, porque o meu trekking foi o
desencadeador deste “burnout.
Tinha planeado ficar 2 dias no lago, e seguir
rumo às Honduras, onde queria tirar o meu curso de mergulho na paradisíaca ilha
de Utila. Mas o meu cansaço, aliado ao apelo relaxante da paisagem do lago
fizeram-me ficar por uma semana. E talvez tivesse ficado mais, se não fosse
pelos meus pais que me esperavam na Nicarágua.
As vilas maias são inúmeras e cada uma delas
tem características próprias. Eu estive em 4: Panajachel, San Pedro la Laguna,
San Marcos e San Juan la Laguna, que não poderiam ser mais diferentes.
San Juan la Laguna, um povo autêntico
Se ainda se lembram, terminei o trekking em San
Juan, uma vila quase intocada pelo turismo, em que o quotidiano das pessoas
locais é a principal atração. Este pequeno “pueblito” aloja indígenas
particularmente aderentes às crenças e tradições dos seus antepassados, daí que
a agricultura e as cooperativas de tecelagem sejam as principais fontes de
rendimento da população. É ainda a vila menos visitada do lago, provavelmente
também a mais pobre, e onde encontramos um retrato fiável da Guatemala.
Guardo San Pedro carinhosamente no meu coração.
Foi aqui que me alojei durante uma semana e foi esta a vila que mais explorei.
San Pedro é vibrante, cheio de vida, numa mistura harmoniosa de jovens
estrangeiros e pessoas locais que co-habitam pacificamente e me fascinaram.
Uma parte da aldeia é turística, com vários hostels, alguns restaurantes, cafés e um ou dois bares, agências de turismo e escolas de espanhol, uma vez que, depois de Antígua este é o local preferido pelos estrangeiros para aprender a língua. Mas, percorremos algumas ruas estreitas e estamos no meio de mercados de frutas e legumes, de bancas de comidas, entre senhoras que vendem tamales envoltos em folha de bananeira e um pão de banana divinal em grandes cestas de verga.
Uma parte da aldeia é turística, com vários hostels, alguns restaurantes, cafés e um ou dois bares, agências de turismo e escolas de espanhol, uma vez que, depois de Antígua este é o local preferido pelos estrangeiros para aprender a língua. Mas, percorremos algumas ruas estreitas e estamos no meio de mercados de frutas e legumes, de bancas de comidas, entre senhoras que vendem tamales envoltos em folha de bananeira e um pão de banana divinal em grandes cestas de verga.
Entalada entre a vila de San Juan e o Vulcão
San Pedro, a aldeia tem vistas maravilhosas sobre o lago e a montanha. Tem um
porto pitoresco com restaurantes a cair sobre o lago, e habitantes sorridentes.
A maior parte do turismo no lago Atitlán foca-se
em Panajachel, sendo San Pedro famoso por atrair turismo mais jovem, principalmente
de mochila às costas, conferindo-lhe um ambiente mais relaxado e animado.
Há divertimento noturno, havendo diariamente pelo menos um bar aberto onde se encontram praticamente todos os viajantes e durante o dia a aldeia serve como base para explorar as vilas vizinhas. De barco, de tuk tuk, a cavalo ou a pé, apesar desta última não ser muito aconselhada devido à falta de segurança, é possível visitar as imediações. Recomendo o passeio a cavalo até ao sopé do vulcão San Pedro que é extremamente bonito e barato também (cerca de 2,5€ por hora).
Há divertimento noturno, havendo diariamente pelo menos um bar aberto onde se encontram praticamente todos os viajantes e durante o dia a aldeia serve como base para explorar as vilas vizinhas. De barco, de tuk tuk, a cavalo ou a pé, apesar desta última não ser muito aconselhada devido à falta de segurança, é possível visitar as imediações. Recomendo o passeio a cavalo até ao sopé do vulcão San Pedro que é extremamente bonito e barato também (cerca de 2,5€ por hora).
A comida é a melhor que provei no país, se
considerarmos o fator qualidade-preço. Há a comida típica que encontramos nos
vendedores ambulantes e comida internacional de excelente qualidade em vários
restaurantes. Esperem pagar entre 2 a 5€ por refeição e comer divinalmente.
Existem diversas opções de alojamento, e ouvi
opiniões muito favoráveis de vários locais. Aconselho vivamente o hostel Zoola,
é um dos melhores hostel onde já fiquei. O dono é israelita, pouco mais velho
do que eu, com uma história de sucesso, de quem pouco tinha e neste momento é
dono de dois fantásticos hostels na Guatemala, com projetos para abrir um novo
em Amesterdão. A comida é fabulosa, criada pelo Zoola e típica de Israel e
servida em mesas baixas, onde comemos sentados em almofadas coloridas ou
deitados. Experimentem o “israeli combo”, uma combinação de pratos típicos, e o
“hello to the queen”, uma sobremesa perfeita de banana e chocolate. Tem um bar
que dá diversas festas por mês e concertos ao vivo e uma piscina com vista
perfeita do lago.
Neste local aconteceu-me algo caricato. O Zoola queria
algumas fotos do hostel para publicidade e perguntou-me se poderia fazê-las.
Uma vez que a Maria é fotógrafa e eu já trabalhei como manequim, aceitamos a
proposta. Em troca tivemos um desconto de 50% no alojamento e refeições
gratuitas durante a nossa semana de estadia, o que nos deixou no paraíso, pois
o restaurante do hostel era, na minha opinião, o melhor de San Pedro.
Panajachel, compras e souvenirs
É a maior vila do lago, com melhores
infraestruturas turísticas, mas também, na minha opinião, demasiado alterada por
este. Aconselho uma visita de meio dia para percorrer a enorme feira de
artesanato, couros e roupas. É o local ideal para fazer compras e levar
lembranças do lago. A maior parte da feira é só isso mesmo, uma feira, mas
escondidas entre as tendas existem algumas lojas com coisas fantásticas, como
uma loja de couros que entrei, a Puro Utz
Pin Pin, cheia de carteiras e sapatos lindos e originais e de onde a Maria
teve de me arrastar, porque estava muito além das minhas possibilidades
financeiras.
San Marcos, ioga e meditação
À medida que nos aproximamos de barco de San
Marcos, começamos a ser invadidos por um sentimento de plenitude. Talvez isso
se deva à energia positiva do local, que parece ser a principal atração de San
Marcos. As casinhas originais construídas em estacas dentro da água embelezam a
pequena vila e ao chegar ao porto deparamo-nos logo com hippies de cabelos
compridos e calças largas à espera do próximo barco. A aldeia mais zen do lago
oferece diversos refúgios para meditar e aulas de ioga, embrenhados na
vegetação, e um parque natural onde se pode nadar no lago e fazer caminhadas na
natureza.
Dicas:
-Alojamento:
Hostel Zoola - quarto duplo por cerca de 10€(100Q); dormitório 4€(40Q)
-Restaurantes:
The Clover, El Colibri
-Transporte:
o barco de San Pedro para Panajachel custa cerca de 2€(20Q) ida e para San
Marcos cerca de 1€(10Q)
segunda-feira, 31 de março de 2014
O diário do meu primeiro Trekking (Dia 3)
13/10/2013
3h da manhã. Já? Fechei os olhos por 2 segundos e quando voltei a abri-los já tinha que acordar. Obviamente que não foi o que aconteceu, mas o meu corpo estava a ressentir-se e a pedir mais horas de sono. Com um olho aberto e outro fechado lá me fui arrastando, a arrumar as minhas coisas vagarosamente e fui a última a pôr os pés a caminho.
A subida foi feita numa estrada de asfalto, sem um único carro e tão negra como o céu. A diferença era que o céu estava salpicado de milhares de estrelas. Impressionava. A última vez que vi um céu tão bonito foi numa ilha no Brasil, chamada Morro de São Paulo, há 10 anos atrás. Tive vontade de me deitar na estrada, contemplar o céu até amanhecer e absorver ao máximo a plenitude daquela imagem. E se estivesse sozinha, era o que teria feito. Mas o objetivo era outro: observar o amanhecer de um mirador sobre o lago Atitlán, a atração natural mais visitada da Guatemala.
Éramos iluminados apenas pelas lanternas dos guias ou de pessoas mais precavidas do que eu. Amarrei-me imediatamente à Maria e à sua lanterna e continuei o caminho. No topo, antes de embrenharmos novamente por trilhas encontramo-nos com a nossa escolta policial. Um segurança muito simpático, mas que evidentemente não compreendia o motivo pelo qual tantos jovens acordavam tão cedo e andavam tantos quilómetros pelo meio da selva e ainda pagavam por isso. Já tínhamos sido informados que esta era a parte menos segura do nosso trekking, daí a escolta ser necessária.
Em conversa com os guias fui advertida em ter cuidado nas trilhas entre as aldeias que rodeiam o lago, por ser uma zona mais turística, também torna os turistas alvos fáceis de pessoas menos bem intencionados.
Seguimos por entre campos de milho, desta vez bem mais assustadores do que os do dia anterior e chegamos a uma clareira com uma vista panorâmica, a 500m de altura, sobre o lago.
Enrolamo-nos nos nossos sacos cama e deitamo-nos na erva fofa mas húmida à espera que o sol acordasse. Os guias preparavam o pequeno almoço com aveia, manteiga de amendoim, e frutos secos e ferviam leite, café ou chá, para aquecer a alma enquanto o sol não o fazia.
A tonalidade do céu foi-se tornando mais clara, num espectro de azuis arroxeados, até que o sol começou a espreitar timidamente atrás dos vulcões que se erguem sobre o lago. O espetáculo foi magnífico e valeu todo o esforço e suor despendido para ali chegar. Prometi a mim mesma valorizar mais estes fenómenos que a natureza nos oferece gratuitamente e sem pedir nada em troca e que tantas vezes não tem espectadores.
Custou-se sair do meu saco cama, mas ainda me custou mais despedir-me deste maravilhoso amanhecer. Continuamos a caminhada final de 3h através da popular trilha “nariz de índio”, que delineia uma montanha recortada com semelhanças assombrosas com a face de um indígena maia em repouso. A trilha é quase sempre a descer com ocasionais miradores sobre o lago e suas povoações, uma imagem que mais parece um postal, principalmente porque abundam flores de várias cores que crescem selvagens e embelezam as fotografias.
Uma vez que baixamos de altitude e já não temos a frescura das florestas nublosas para nos proteger, a temperatura aquece gradualmente, e o sol em vez de morno já queima a pele e obriga a paragens mais frequentes.
A penúltima paragem antes de chegarmos ao destino final é uma cooperativa local de café, a La Voz Que Clama del Desierto, onde explicam o processamento do café e o experimentamos, seja na forma do italiano expresso, ou americano, latte ou cappuccino.
11h da manhã. Chegamos ao nosso destino: San Juan La Laguna, uma das povoações que crescem nas margens do lago. San Juan é tradicional, é pobre e pouco turístico, ao contrário das irmãs San Pedro ou San Marcos, mas também é provavelmente a vila mais autêntica.
Almoçamos num comedor no centro da aldeia, que pertence a uma cooperativa de tecelagem de mulheres, a Ixoq Ajkeem. Despedidas, beijos e abraços e promessas de trocas de emails eu e a Maria separamo-nos do resto do grupo e seguimos de tuk tuk para San Pedro, o nosso ponto de partida para explorar o lago nos dias seguintes.
Dicas:
-A Quetzaltrekkers fornece estes pacotes por 650Q, que correspondem a aproximadamente 60€. Estão incluídos os guias, o alojamento, 8 refeições, a entrada no temascal, snacks, água, para além de disporem de equipamento, como sapatilhas extra, sacos-cama e colchões que alugam gratuitamente a quem precisar. Este trekking especifica de Xela ao lago Atitlán ocorre duas vezes por semana, aos sábados e terças-feiras. Mas existem muitos outros que podem pesquisar neste link http://www.quetzaltrekkers.com/.
-É importante levar protetor solar e repelente, assim como alguns Quetzals para comprar gelados e café. As lanternas também me fizeram falta, por isso aconselho a que se lembrem delas
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