terça-feira, 29 de abril de 2014

Viajar entre Lisboa e Porto….por 9,90€!



Apetece-lhe tirar um fim de semana há já algum tempo, mas a pressão da crise e das contas para pagar ao fim do mês dizem-lhe que não é de bom senso pegar no carro e fazer a viagem. Só em portagens gastaria uma fortuna!


No mês de Maio, não tem que ser assim. A ryanair continua com promoções fantásticas entre Lisboa e Porto (9,90€ por trajeto) e cobre praticamente todo o mês (sim, incluindo sexta e segunda). A única desvantagem é que não voa aos sábados ou domingos, por isso, em vez de um fim de semana tire umas mini férias. Verá que Lisboa e Porto valerão os dias que irá tirar.


Os prémios internacionais e nomeações de agências de viagens, têm colocado estas duas cidades na rota do turismo mundial. Se passearem nas ruas de Lisboa e do Porto verão que estão inundadas de turistas. E não são só Espanhóis e Alemães. Um pouco por todo o mundo o apelo por praias de sonho, gentes calorosas, uma cultura milenar e gastronomia digna de deuses tem atraído cada vez mais curiosos. E as cidades têm sabido responder a esta afluência. Cada vez mais encontra espaços inovadores, de elevada qualidade, quer para comer ou para dormir e muitos ainda a preços low cost, característica que atrai tantos estrangeiros. Bons exemplos disso são o “boom” que se observou na baixa do Porto ou a reabilitação de lugares como o Terreiro do Paço em Lisboa. E cada vez mais têm o olhar voltado para o turismo, com espetáculos e eventos culturais a espreitar a cada esquina.


O famoso slogan “Viaje para fora, cá dentro”, aplica-se aqui na perfeição. É uma lufada de ar fresco para nós, que precisamos das férias tão merecidas e para a economia do país que ainda precisa mais do que nós!


Parecem-lhe razões suficientes para visitar estas magníficas cidades? A mim pareceram-me que sim, tanto é que já comprei o meu bilhete! Mas eu sou uma fã inveterada das maravilhas de Portugal e como tal, suspeita para falar do assunto.



domingo, 27 de abril de 2014

San Juan del Sur, uma vila surfista na Nicarágua


O sol já ameaçava dar lugar à lua quando cheguei a San Juan del Sur. Tinha saído do lago atitlan há exatamente 36 h. Atravessei as montanhas da Guatemala, jantei na a fronteira em El Salvador e esperei 5h na das Honduras. Não pensem que foi uma viagem monótona. Foi uma aventura com mais adrenalina do que o trekking que tinha feito uma semana antes. Quis viajar em chicken bus porque as alternativas, todas de luxo, obrigavam-me a pernoitar em San Salvador ou em San Pedro del Sur, duas cidades com taxas tão elevadas de homicídios que me deram vontade de fugir para bem longe! Percorri quase toda a Nicarágua para finalmente chegar a esta antiga aldeia de pescadores na costa sul do pacífico.


Quando saí do lago Atitlan não imaginava o que me esperava nesse dia. Numa luta contra o tempo em que pus o condutor de uma mini van a fazer manobras que levariam, sem dúvida, à proibição definitiva de conduzir, consegui finalmente chegar à estação de chicken bus da capital. Conhecem aqueles cartoons de autocarros amarelos que ficam com o dobro da altura devido à pilha de malas que carregam na parte superior? Esse era o meu, mas não levava só malas. Frigoríficos, móveis, cestas de legumes e cadeiras de cabeleireiro, eram só alguns dos objetos impensáveis que atravessaram fronteiras connosco. Quando entrei no autocarro, outro choque! Já estava preparada para os bancos escolares desconfortáveis sem local para colocar as pernas ou a cabeça. Não estava era à espera que estivesse apinhado de pessoas e coisas, com sacos plásticos de comida pendurados sobre as nossas cabeças. Agora imaginem que chegam ao único lugar vago e quem lá vai sentado é uma Nicaraguense da minha idade, tagarela, com um huski bebé no colo que levava para os dois filhos. O huski da minha amiga não era o único que viajava connosco, havia pelo menos mais dois amiguinhos de quatro patas e a julgar pelos sons estranhos que não percebi de onde saíam haveria também galinhas!


Eu e quatro argentinos éramos os únicos turistas.  No entanto, terra de gentes calorosas, os locais acolheram-me imediatamente como se fosse um deles! Revoltaram-se sempre que alguém tentou ganhar mais um pouco pelo fato de ser nitidamente turista, ajudaram-me a conseguir bons negócios no câmbio de moeda e aconselharam-me as melhores comidas. Em 36 horas fiz vários amigos, contrabandeei o huski pela fronteira da Nicarágua, escondida dos guardas por um hondurenho, fui a uma casa de banho com dois porcos enormes a olhar para mim e mudei 5 vezes de autocarro. O balanço da viagem? Muito cansativa, mas muito gratificante pelo fato poder ver em primeira mão uma realidade tão diferente da nossa.


Paraíso de surfistas, San Juan, transformou-se gradualmente de vila piscatória num ponto de paragem obrigatório para backpakers que viajam para Nicarágua. Já há umas centenas de anos que os habitantes locais estão habituados à presença de europeus e americanos. O pequeno Porto foi construído pelos colonizadores espanhóis para proteger os seus navios mercantes e mais tarde foi usado pelos americanos, que transportavam pedras preciosas e tripulantes de Nova Iorque para São Francisco. A vila é pitoresca e ainda não está descaracterizada pelo turismo, principalmente porque a Nicarágua foi palco de uma guerra guerra civil sangrenta e sofreu com uma grande instabilidade política e económica até há bem pouco tempo.


A costa do pacífico é possuidora de quilómetros incontáveis de extensos areais. O mar agitado, muito diferente da costa caribenha, é ideal para os amantes do surf. Só não tem mais adeptos porque a vizinha Costa Rica rouba-lhe todas as atenções. Contudo, quem vai a San Juan, velhos ou novos experimentam o desporto. Existem inúmeras escolas, a preços reduzidos que apelam ao instinto aventureiro de cada um. Cansada da minha viagem, com o meu instinto aventureiro no limite optei por visitar as praias mais bonitas e usufruir delas para demorados banho de sol. É possível fazer praia na enorme praia da vila, mas está cheia de barcos ancorados e a beleza das praias selvagens é incomparávelmente maior.


Para chegar às praias temos que comprar bilhete num dos camiões de caixa aberta que fazem o transporte. Agarrem-se bem, o caminho tem buracos enormes, todo em terra batida pelo meio de campos verdes com palmeiras e vacas monstruosas, maiores que os touros que vemos em Montalegre. As praias selvagens são imensas, e nomes como Maderas, Marsella, Majagual e La Flor, esta última ponto de observação de tartarugas valem a pena a visita. Para o país mais pobre da América Central fiquei impressionada com as vivendas de luxo que vi ao longo da costa. Parece-me que a riqueza neste país está muito mal distribuída, se tivermos em conta como vive a maioria da população.


San Juan tem um ambiente muito relaxado, com festas em bares junto à praias, muitas happy hours vantajosas e muitos mesmo muitos surfistas. Vêm um pouco de todo o mundo, mas os australianos estão aqui em força.  Se se hospedarem no hostel Casa de Olas, que aconselho vivamente, 99% dos hóspedes partilham da nacionalidade dos donos, a Carla e o Fred, um casal australiano reformado na casa dos 70. O Fred é sensacional, faz-nos sentir como se estivéssemos em casa. Podem-se fazer refeições no hostel, há um prato único por dia, e sentamo-nos todos juntos em volta do bar e à noite vêem-se filmes australianos na grande tela que o Fred coloca junto à piscina. O único inconveniente do hostel, mas também a maior qualidade é que se situa no topo de uma colina, a 3km do centro. A vista é incrível e o pôr do sol memorável, um espetáculo que se pode observar da piscina ou numa das várias cadeiras baloiço. Existe transporte gratuito para o centro de hora a hora.


Dicas:

Onde comer - O Bairro café tem uns hamburgers muito bons e é em frente a este restaurante que é o ponto de encontro de muitos transportes, quer para as praias quer para os hostels no topo da colina. No Simon says smothie bar podem provar smothies excelentes e também serve refeições. Não me recordo do nome do restaurante onde provei comida local, mas lembro-me que era perto do mercado e tinha frango a grelhar na rua. A refeição foi excelente.

P.s. A qualidade das fotos deixa a desejar uma vez que parti a minha máquina fotográfica no lago Atitlan. As poucas que tenho estão aqui e foram tiradas com o meu tablet.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

10 Experiências gastronómicas que não deve perder em Florença



A cozinha italiana é famosa em todo o mundo. É provavelmente a cozinha mais internacional e também a que tem mais adeptos. São poucos os locais que visitei fora de Itália que não tinham pelo menos um restaurante italiano. E muitos até são razoáveis, raramente excelentes. Mas foi neste país que senti verdadeiramente a pureza do azeite, o sabor inigualável de uma mozarela de búfala acabada de fazer, o cheiro de um maravilhoso expresso, dito com aquela musicalidade única da língua italiana ou o toque da pasta fresca na boca, cozida al dente.



Cada região em Itália orgulha-se da sua cozinha, e tem os seus pratos típicos. Florença, a capital da Toscana, não é diferente. É uma região particularmente conhecida pela gastronomia e pelos vinhos, e pela qualidade dos seus produtos. Para mim, é onde se come melhor em todo o país.




No entanto, conheço muita gente que visitou Florença e não poderia ter vindo mais desiludido com a gastronomia. Isto acontece, porque Itália está recheado de turistas incautos que caiem nas armadilhas estrategicamente concebidas nas principais praças ou nos locais mais turísticos das cidades. Uma dica importante é só entrar num restaurante onde a maioria das pessoas que estão sentadas são locais. Porquê? Porque os italianos são provavelmente o povo mais exigente com a comida que já conheci.

Esta é a minha seleção gastronómica que não deve perder quando visitar a cidade:



Bisteca alla Fiorentina

É o prato mais conhecido e, para mim, também o melhor da região. Imaginem a nossa posta à Mirandesa. É ainda melhor! Consiste num naco de carne de novilho com osso, geralmente com 1kg ou 1,5kg, grelhada em brasas de carvão, salpicada com azeite e ervas aromáticas. A carne derrete na boca como manteiga e é divinalmente acompanhada por batatinhas assadas com alecrim. Onde comê-la? A Trattoria San Lorenzo e a Osteria Santo Spirito são restaurantes que a confecionam muito bem.



Focaccia

Uma focaccia é um pão. Mas não é um pão qualquer! Em lugares como All’Antico Vinaio uma focaccia é uma obra de arte para as papilas gustativas. O pão de alecrim e azeite vem ainda a fumegar quando é preenchido por uma série de iguarias que escolhemos na montra. Fatias de rosbife, diversos tipos de queijos que nunca vi, beringelas e tomates secos conservados em azeite, molho de trufas, picantes, prosciutto toscano, um tipo de presunto da região e salames são alguns ingredientes que pode escolher para o recheio do seu pão. Se estiver confuso e não souber o que escolher peça ao dono para escolher por si, nunca provei uma má. Este é o melhor local para comer focaccia, mas geralmente tem filas enormes e poucos lugares para sentar, por isso vá cedo.



Risotto ai funghi porcini

Sou muito exigente com o risotto. Como tal, raramente o pedia em Itália. Até ter provado o risotto de cogumelos porcini. Estes cogumelos são típicos da Toscana, uma iguaria cara até mesmo em Itália, mas com uma textura macia, suculentos e com um sabor único. Já tinha provado a pizza e a pasta destes cogumelos, mas o risotto superou as duas primeiras e as minhas expectativas. Um bom local para prova-lo é a trattoria ZáZá.



Gelato

Mesmo não sendo grande amante de gelados, em Florença, prove-os. Eu também não era, e durante o meio ano que lá vivi não passava uma semana sem os comer. Mas não vá a uma gelataria qualquer. As ruas principais estão cheias de gelatarias com montras convidativas, com montanhas de gelado ornamentado com fruta fresca que apelam à gula. Não entre! Os gelados não são nada de especial e chegaram-me a pedir entre 6 a 10€ por um. Os melhores gelados de Florença encontram-se a duas pontes de distância da famosa Ponte Vecchio na gelataria Carraia. São fenomenais e um gelado grande com 2 sabores custa apenas 1,5€. A Via di Neri, a Vivoli e a Santa Trinita são outras gelatarias que o vão tornar fã dos gelados italianos.




Pizza

Estamos no país das pizzas, seria um sacrilégio não comê-las aqui! Nápoles detém o meu prémio de melhor pizza de Itália, mas isso não quer dizer que as pizzas em Florença não sejam melhores do que 99% das que temos em Portugal. Em qualquer lugar, que não as principais ruas e praças com pizzas pré-feitas na montra e de massa alta, pode comer uma boa pizza. Locais como San Lorenzo, Santo Spirito e Santa Croche têm boas trattorias com boas pizzas. Se quiser provar algumas originais vá ao Gusta Pizza. Já a melhor calzone que provei foi na Pizzeria Mastrociliegia.




Corneto com nutella

Croissant em Paris, corneto em Itália. Simples, ou com nutella, acompanhado de cappuccino ou expresso, é o pequeno almoço dos locais. E não há nada como começar um doce dia assim! Se não é adepto de doces logo de manhã, prove-os quando for em busca das pastelarias secretas durante a noite. É um conceito engraçado que existe na cidade. A partir das 3 ou 4h da manhã as pastelarias começam a cozinhar e as ruas de Florença são inundadas com o cheiro maravilhoso de croissant a assar. Guie-se pelo cheiro entre as ruas labirínticas e quando descobrir a porta, peça ao pasteleiro o que tiver acabado de sair do forno!




Pasta ai frutti di mare

Nem toda a gente tem a mesma paixão que eu por massa e marisco, por isso este tópico pode ser duvidoso. Experimentei este prato em dezenas de restaurantes, nas suas mais diversas variações. Com amêijoas, camarões ou calamares, polvo, lulas ou mexilhões, as mais diversas associações de frutos do mar são saborosas. Apesar de Florença não se situar à beira mar, o marisco tem boa qualidade. Tal como a pizza, o primeiro prémio de massa com frutos do mar vai para Nápoles, o que não significa que não deva prová-la em Florença. Aconselho a trattoria San Lorenzo, a Pizzeria Mastrociliegia e o Borgo Antico.



Ravioli e tortellini
Estes pequeninos pastéis de massa de farinha e ovo são outra iguaria a experimentar. Num verdadeiro restaurante italiano esta massa é feita no dia, assim como todas os outros tipos de massa, e a diferença sente-se logo. Os recheados com carne ou espinafres e ricotta são os mais típicos e simples. Os meus preferidos são os tortellini de pera e pecorino que provei na Trattoria da Guido.


Cappuccino
Talvez o cappuccino não deva estar incluído na minha lista de degustação. Mas não poderia deixar de sugerir que o prove numa visita a Florença. É certo que pode prová-lo um pouco por todo o país, mas verá que são diferentes. Quando comecei a viajar por Itália, não percebia porque é que em Nápoles ou na Sicília o cappuccino sabia a água choca e mesmo em Milão não era tão bom como o de Florença. Uma amiga que trabalha em markting de laticíneos explicou-me que o leite produzido na Toscana tem uma qualidade muito superior ao do resto do país e só é consumido na região. Daí que a espuma do cappuccino seja tão macia e cremosa. Experimentem-no no News Café, o garçon faz desenhos originais com cacau por cima da espuma. No Volume também são excelentes e o espaço é original.


Aperitivo
Os italianos, depois de saírem do trabalho, não gostam de ir para casa, gostam de aproveitar a vida, comer bem e sair com os amigos. É frequente ver grupos de pessoas reunidas em vários bares ou restaurantes ao final da tarde, quer seja dia de semana ou fim de semana. Os aperitivos começam por volta das 18h e funcionam da seguinte forma: ao comprar uma bebida, temos um buffet de pratos variados à descrição. O buffet varia entre algumas tapas ou refeições completas com sobremesas. O meu aperitivo preferido é o do Kitsch, tem bons cocktails e uma grande variedade de pratos. Os preços variam entre 5€ e 10€.


BUON APPETITO!

domingo, 20 de abril de 2014

Lago Atitlan, um espelho de vulcões




"Lake Como, it seems to me, touches on the limit of permissibly picturesque, but Atitlán is Como with additional embellishments of several immense volcanoes. It really is too much of a good thing." by Aldous Huxley



Não posso comentar a primeira parte da citação do famoso escritor britânico, uma vez que nunca estive no lago Como, mas posso atestar que o lago Atitlán tem uma beleza singular. Não sei se será, como é apelidado por muitos, o “lago mais bonito do mundo”, mas tem com certeza, características únicas. Como o facto de estar rodeado por pitorescas vilas maias, tendo a maioria o nome dos apóstolos bíblicos. Ou os três vulcões que se espelham imponentemente numa imagem perfeita, formando um contorno impressionante do lago.  




A duas horas de distância da capital, Guatemala City, o lago oferece dias de lazer tranquilos, banhos de sol, trekking a vulcões, bem como exploração de uma cultura que, apesar do turismo crescente, está ainda profundamente enraizada nas coloridas aldeias maias. Foi o local que escolhi para recuperar do meu primeiro “burnout” em viagem. E o que é isso, perguntam vocês? Algo que nunca antes tinha sentido a viajar, nem nunca pensei sentir, mas afinal ele é real, ele existe. Um “burnout” significa, literalmente, esgotamento, apesar de eu achar que em português a palavra parece ter uma conotação bastante mais forte do que em inglês. Viajar por muito tempo, e principalmente viajar rápido, pode ser extenuante, quer física, quer psicologicamente. Apesar de descrente que isso me fosse acontecer li sobre o assunto antes de ir viajar, e ainda bem que o fiz, porque o meu trekking foi o desencadeador deste “burnout.


Tinha planeado ficar 2 dias no lago, e seguir rumo às Honduras, onde queria tirar o meu curso de mergulho na paradisíaca ilha de Utila. Mas o meu cansaço, aliado ao apelo relaxante da paisagem do lago fizeram-me ficar por uma semana. E talvez tivesse ficado mais, se não fosse pelos meus pais que me esperavam na Nicarágua.


As vilas maias são inúmeras e cada uma delas tem características próprias. Eu estive em 4: Panajachel, San Pedro la Laguna, San Marcos e San Juan la Laguna, que não poderiam ser mais diferentes.


San Juan la Laguna, um povo autêntico

Se ainda se lembram, terminei o trekking em San Juan, uma vila quase intocada pelo turismo, em que o quotidiano das pessoas locais é a principal atração. Este pequeno “pueblito” aloja indígenas particularmente aderentes às crenças e tradições dos seus antepassados, daí que a agricultura e as cooperativas de tecelagem sejam as principais fontes de rendimento da população. É ainda a vila menos visitada do lago, provavelmente também a mais pobre, e onde encontramos um retrato fiável da Guatemala.


San Pedro la Laguna, chill out

Guardo San Pedro carinhosamente no meu coração. Foi aqui que me alojei durante uma semana e foi esta a vila que mais explorei. San Pedro é vibrante, cheio de vida, numa mistura harmoniosa de jovens estrangeiros e pessoas locais que co-habitam pacificamente e me fascinaram. 



Uma parte da aldeia é turística, com vários hostels, alguns restaurantes, cafés e um ou dois bares, agências de turismo e escolas de espanhol, uma vez que, depois de Antígua este é o local preferido pelos estrangeiros para aprender a língua. Mas, percorremos algumas ruas estreitas e estamos no meio de mercados de frutas e legumes, de bancas de comidas, entre senhoras que vendem tamales envoltos em folha de bananeira e um pão de banana divinal em grandes cestas de verga.




Entalada entre a vila de San Juan e o Vulcão San Pedro, a aldeia tem vistas maravilhosas sobre o lago e a montanha. Tem um porto pitoresco com restaurantes a cair sobre o lago, e habitantes sorridentes.



A maior parte do turismo no lago Atitlán foca-se em Panajachel, sendo San Pedro famoso por atrair turismo mais jovem, principalmente de mochila às costas, conferindo-lhe um ambiente mais relaxado e animado. 



Há divertimento noturno, havendo diariamente pelo menos um bar aberto onde se encontram praticamente todos os viajantes e durante o dia a aldeia serve como base para explorar as vilas vizinhas. De barco, de tuk tuk, a cavalo ou a pé, apesar desta última não ser muito aconselhada devido à falta de segurança, é possível visitar as imediações. Recomendo o passeio a cavalo até ao sopé do vulcão San Pedro que é extremamente bonito e barato também (cerca de 2,5€ por hora).


A comida é a melhor que provei no país, se considerarmos o fator qualidade-preço. Há a comida típica que encontramos nos vendedores ambulantes e comida internacional de excelente qualidade em vários restaurantes. Esperem pagar entre 2 a 5€ por refeição e comer divinalmente.

Existem diversas opções de alojamento, e ouvi opiniões muito favoráveis de vários locais. Aconselho vivamente o hostel Zoola, é um dos melhores hostel onde já fiquei. O dono é israelita, pouco mais velho do que eu, com uma história de sucesso, de quem pouco tinha e neste momento é dono de dois fantásticos hostels na Guatemala, com projetos para abrir um novo em Amesterdão. A comida é fabulosa, criada pelo Zoola e típica de Israel e servida em mesas baixas, onde comemos sentados em almofadas coloridas ou deitados. Experimentem o “israeli combo”, uma combinação de pratos típicos, e o “hello to the queen”, uma sobremesa perfeita de banana e chocolate. Tem um bar que dá diversas festas por mês e concertos ao vivo e uma piscina com vista perfeita do lago. 


Neste local aconteceu-me algo caricato. O Zoola queria algumas fotos do hostel para publicidade e perguntou-me se poderia fazê-las. Uma vez que a Maria é fotógrafa e eu já trabalhei como manequim, aceitamos a proposta. Em troca tivemos um desconto de 50% no alojamento e refeições gratuitas durante a nossa semana de estadia, o que nos deixou no paraíso, pois o restaurante do hostel era, na minha opinião, o melhor de San Pedro.


Panajachel, compras e souvenirs

É a maior vila do lago, com melhores infraestruturas turísticas, mas também, na minha opinião, demasiado alterada por este. Aconselho uma visita de meio dia para percorrer a enorme feira de artesanato, couros e roupas. É o local ideal para fazer compras e levar lembranças do lago. A maior parte da feira é só isso mesmo, uma feira, mas escondidas entre as tendas existem algumas lojas com coisas fantásticas, como uma loja de couros que entrei, a Puro Utz Pin Pin, cheia de carteiras e sapatos lindos e originais e de onde a Maria teve de me arrastar, porque estava muito além das minhas possibilidades financeiras.


San Marcos, ioga e meditação

À medida que nos aproximamos de barco de San Marcos, começamos a ser invadidos por um sentimento de plenitude. Talvez isso se deva à energia positiva do local, que parece ser a principal atração de San Marcos. As casinhas originais construídas em estacas dentro da água embelezam a pequena vila e ao chegar ao porto deparamo-nos logo com hippies de cabelos compridos e calças largas à espera do próximo barco. A aldeia mais zen do lago oferece diversos refúgios para meditar e aulas de ioga, embrenhados na vegetação, e um parque natural onde se pode nadar no lago e fazer caminhadas na natureza.




Dicas:
-Alojamento: Hostel Zoola - quarto duplo por cerca de 10€(100Q); dormitório 4€(40Q)
-Restaurantes: The Clover, El Colibri
-Transporte: o barco de San Pedro para Panajachel custa cerca de 2€(20Q) ida e para San Marcos cerca de 1€(10Q)