O meu nome é Teresa Monteiro, tenho 24 anos e terminei o meu mestrado há 1 mês. Voltei de Florença em Fevereiro deste ano onde morei durante 6 meses ao abrigo do programa Erasmus. Foi maravilhoso conhecer a fundo outra cultura, outra língua, e o melhor de tudo, poder viajar! Sinto-me uma privilegiada por ter tido esta oportunidade. Contudo, voltei com a sensação de que esta experiência, por mais intensa que tivesse sido, me soube a pouco. Sei que não sou a única a voltar com este sentimento: centenas de estudantes quando voltam de Erasmus sentem de alguma forma um vazio, que nos primeiros tempos se torna difícil de preencher.
Voltei à faculdade, concentrada na tese de mestrado que tinha
negligenciado em Florença, sem tempo para pensar em mais nada. Mas chegou Março,
e eu com a tese pronta, senti que o vazio continuava lá. Sempre gostei da minha
área, sempre me senti feliz, realizada e em casa num hospital. Contudo, neste
momento faltava alguma coisa, que me fez duvidar de muitas outras, e me levou a levantar questões que todos nós colocamos uma vez na vida (e muitos 1 vez por mês). "O que me dá mais prazer fazer? O que é que me faz mais feliz? Em que alturas me senti mais realizada?" Se as dúvidas persistiram durante algum tempo, a
resposta surgiu rapidamente: a Viajar!
As minhas melhores memórias são em viagens. Viajo desde
muito nova, tendo os meus pais desempenhado um papel fundamental na criação deste
“bichinho”, quer geneticamente (descobri há pouco tempo que existe uma componente
genética na vontade de viajar), quer por me terem mostrado que o mundo é um sítio
maravilhoso, cheio de pessoas e coisas que valem a pena conhecer. Memórias que
ficam, principalmente quando era criança: a primeira vez que andei de avião, a
sensação de ver Paris pela primeira vez, a minha primeira noite num barco cruzeiro
que fez o trajeto de Marselha para a Córsega (tinha 8 anos e os meus pais
deixaram-me ir à discoteca, claro está que não dormi a noite toda de excitação),
a imponência de Mont Blanc, as ruas limpinhas da Suíça, pedalar nos parques de
flores da Holanda, descobrir as sexshop, a prostituição e a homossexualidade em
Amesterdão com 11 anos (andei de queixo caído o tempo todo), o deslumbramento
que senti quando estive no Mónaco (para uma criança de 8 anos, todas as
mulheres que entravam no casino eram princesas), o fantástico parque temático
Futuroscope, as cores do parque Guell em Barcelona, a primeira vez que vi um
homem com as suas 9 esposas em Bruxelas e bombardeei os meus pais com
perguntas embaraçosas, a passagem de ano em Londres, brincar às princesas com a minha irmã nos mais diversos
palácios, desde Sintra a Mont Saint-Michel. Até às memórias mais recentes, em
que comecei a organizar as minhas próprias viagens com amigos mal fiz 18 anos, as
viagens em família ao Brasil, os 17 dias à descoberta da Patagónia, a primeira viagem à Ásia e a África. Contudo, so durante as 11 viagens que fiz em Erasmus, é que comecei realmente a viajar de forma independente, a ganhar autonomia
para um dia poder viajar sozinha.
Senti que esse dia chegou: sinto-me autónoma, sinto-me capaz
de viajar sozinha, sinto uma necessidade urgente em ir. E o timing é o ideal para realizar sonhos
antigos.
Em Março, depois de muita ponderação decidi parar um ano, o curso
estava a terminar, e eu sentia-me também cansada, sabia que quando entrasse no
mercado de trabalho me seria difícil tirar tempo para realizar este projeto. Comecei
a trabalhar noutras áreas que não a minha para angariar fundos para a minha
viagem, decidi o destino e a duração (limitada pelo orçamento), e, a 2
semanas da minha partida vou com a esperança que esta seja (não posso dizer a
primeira de muitas!) uma aventura inesquecível.
Sem comentários:
Enviar um comentário