sábado, 28 de setembro de 2013

Chichén Itzá, a cidade misteriosa


"Maloptin", ou bom dia em dialeto maia, dizia o guia de descencêndia maia, cruzada com espanhola, enquanto atravessavamos a porta de entrada das ruínas, sob um sol abrasador.
À primeira vista Chichén Itzá não me conquistou. Talvez pela enorme quantidade de turistas que enchem o lugar, talvez pelas centenas de vendedores ambulantes que não nos deixam apreciar a magia do local, impingindo-nos "relíquias" dos seus antepassados. Contudo, ninguém pode negar a sua imponência, nem o mistério que a rodeia.

Situada na península de Yucatán, entre as cidades de Mérida e Valladolid, Chichén Itzá significa, em dialeto maia, "na boca do poço do povo de Itzá". O solo particular desta região, maioritariamente constituído por calcário, desencadeou determinados fenómenos que levaram à formação de ecossistemas únicos, contidos em cenotes. Estes, consistem em reservatórios de água doce, muitas vezes de cor azul ou verde e rodeados de vegetação exuberante, que se encontram enclausurados em grutas há mais de 5 milhões de anos. A rodear as ruínas existem centenas de cenotes, dos quais o mais conhecido é o cenote sagrado, que se encontra muito próximo dos templos. Os maias utilizavam estes locais para fazer cerimónias religiosas, nomeadamente preces, oferendas e sacrifícios ao deus da chuva que acreditavam encontrar-se na boca do poço. No início do século XX foram, inclusive, encontrados por mergulhadores diversos tesouros maias no cenote sagrado.

Possuidores de conhecimentos muito avançados para a época, os maias criaram Chichén Itzá por motivos religiosos, sendo o local constituído por diversos templos que o comprovam, mas utilizado também como centro político e económico. Destaca-se a pirâmide de "Kukulkan", mais conhecida por "El Castillo", uma das 7 maravilhas do mundo, o edifício mais imponente da cidade e como tal a sua imagem de marca. Com 24m de altura, é composta por 4 lados, contendo cada um deles 91degraus e um no topo, somando-se um total de 365, tal como os dias do ano. Tem também propriedades acústicas particulares, permitindo que sons produzidos na base sejam reproduzidos no topo. Apesar de já não ser possível subir ao topo da pirâmide, não é difícil imaginar a beleza estonteante do local.

Outro local digno de visita é o maior campo de jogos com bola da mesoamérica, onde se praticavam já na altura desportos muito semelhantes ao nosso futebol ou basquetebol. Ou o observatório, o único edifício redondo, que infelizmente não tive tempo para ir ver.

Depois de imaginar toda uma civilização a utilizar a cidade, desde a euforia de um dia de jogos, às cerimónias matrimoniais, aos sacrifícios que se realizavam neste local, depois de imaginar que mistérios existirão ainda escondidos nos recantos e cenotes selvagens que envolvem a cidade, rendi-me a Chichén Itzá.

Dicas:

Como chegar a partir de Cancún:

 Tour - Existem imensas tours que fazem a visita a Chichén Itzá, com diversos preços e percursos. A que eu fiz tinha incluído almoço buffet num centro maia, entrada no cenote de Hubiku, onde pude nadar, entrada e visita guinada em inglês ou espanhol na cidade de Chichén Itzá e autocarro com guias que iam dando informações sobre a civilização maia. É das mais económicas, custa cerca de 30€ e dura o dia todo porque cada trajeto demora cerca de 4h. É demasiado turística, deixa-nos com pouco tempo para explorar as ruínas, e não visita ik il, um cenote que gostava de ter conhecido, mas fica a um preço semelhante ir de forma independente.

Autocarro - os mais confortáveis são os da companhia ADO bus, que demoram cerca de 3h30min e custam por trajecto aproximadamente 12€. Os de segunda classe demoram cerca de 4h e custam à volta de 8€. A melhor hora para ir é de manhã cedo, porque as ruínas estão situadas no meio de vegetação densa com elevada percentagem de humidade e temperaturas que chegam facilmente aos 40°C. Levar roupa fresca, água e snacks são recomendados, porque dentro da cidade estes itens são caros.

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