domingo, 4 de janeiro de 2015

Sri Lanka, um país de muitos nomes




“As armas e os barões assinalados
que, da ocidental praia Lusitana,
por mares nunca de antes navegados
passaram ainda além da Taprobana,
em perigos e guerras esforçados,
mais do que prometia a força humana,
e entre gente remota edificaram
novo reino, que tanto sublimaram”
Canto I, estância 1
Os Lusíadas, Luís de Camões

Taprobana, Ceilão ou Sri Lanka. Este país de muitos nomes e de história milenar assemelha-se de uma forma muito original a uma gota de água, ou há quem diga que se trata de uma lágrima, que corre pela face da Índia e da qual se separou, isolando-se no oceano Índico.


Inicialmente designada de Taprobana pelos gregos e romanos, a ilha que Camões cantou no famoso livro “Os Lusiadas”, em que o poeta enaltece os portugueses pela sua coragem de descobrir um mundo muito para além deste país longínquo e de navegar “por mares nunca antes navegados”, tem uma história riquíssima que remonta a vários séculos antes de cristo.


Os cingaleses já a habitam desde o seculo VI a.c., e há vestígios de trocas comerciais com várias civilizações do ocidente e oriente: gregos, romanos e árabes. Os primeiros europeus a colocar lá a sua bandeira foram os portugueses, em 1505, liderados por Lourenço de Almeida, nome familiar a muitos cingaleses. Se passearmos pelas ruas de Colombo, não é raro vermos nomes de lojas com apelidos lusitanos, como Silva ou Fernandes. Nem é raro percebermos algumas palavras nas suas conversas, como sapato, câmara, lanterna e meia, deixadas pelos nossos antepassados. Apesar de terem fundado a atual capital, a cidade de Colombo, a nossa ocupação durou menos de um século, tendo os holandeses e depois os ingleses colonizado a ilha. O reino do Ceilão só obteve a independência dos ingleses em 1948.


Esta ilha tem todos os ingredientes necessários para ser um paraíso: gentes afáveis com uma tolerância cultural e religiosa inigualáveis, montanhas verdejantes, parques nacionais pejados de vida selvagem e praias com coqueiros e águas azuis turquesa. Apesar disto, o Sri Lanka esteve imerso numa guerra civil que durou 26 anos e só terminou em 2009, o que deu tão má fama a este país e que ainda hoje leva a que muitos turistas tenham receio de o visitar.


Apesar de ter apenas dois terços do território de Portugal, tem o dobro da nossa população, sendo esta maioritariamente cingalesa, mas também composta por etnia tamil e muçulmanos. Esta liberdade e tolerância religiosa são uma das características mais fascinantes do país: a maioria da população é budista, mas igrejas encontram-se lado a lado com mesquitas, templos hindus e budistas e cidades de peregrinação, como Kataragama, são comuns a todas as religiões e etnias.


Apesar do reduzido número de turistas, este pequeno país tem muito para oferecer aos visitantes. Lugares como Anuradhapura e Polonnarwa, as antigas capitais da taprobana, permanecem locais culturais e religiosos que atraem milhões de habitantes, tal como Kandy, onde se realiza, em Agosto, o Esala Perahera, o maior festival religioso do país. Os parques nacionais, cujas estrelas principais são os elefantes e os leopardos são atrações a não perder pelos amantes de vida selvagem, e para os mais aventureiros a longa subida ao Adam’s Peak, uma montanha de 2243 metros que é local de peregrinação de hindus, budistas e muçulmanos, torna qualquer viagem memorável. As estreitas faixas de areia branca que rodeiam Matara são o local perfeito para descansar, enquanto longas praias como a de Mirissa já têm um ambiente descontraído e jovem, com bares e restaurantes de boa comida e surf à mistura. E se as praias não são o que motivam alguns turistas a viajar, as montanhas cobertas com plantações de chá, entremeadas com enormes cascatas e as pitorescas cidades coloniais inglesas como Nuwara Eliya, definitivamente irão conquistar qualquer visitante.




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